Parceria reúne Fiocruz e Funbio em projeto de saúde silvestre e inclusão digital

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CISS - Centro de Informação em Saúde Silvestre

Consolidar o conhecimento em saúde silvestre e promover a inclusão digital em territórios com projetos do PROBIOII/FUNBIO é a proposta da parceria que reúne a Fiocruz  - Centro de Informação em Saúde Silvestre e o Funbio (Fundo Brasileiro para a Biodiversidade).

O projeto, que teve início em janeiro de 2015, está em implementação em duas regiões do Brasil - a Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns, no Pará e municípios de Uruçúca e Itacaré, no sul da Bahia.

Em um cenário de aproximadamente 74 comunidades na Resex Tapajós-Arapiuns e cerca de 20 no Sul da Bahia, a Fiocruz planeja, em dois anos, capacitar moradores que desejem participar, como colaboradores, gerando dados no SISS-Geo  - Sistema de Informação em Saúde Silvestre.

O uso do SISS-Geo pelos cidadãos permitirá o monitoramento da fauna local e a partir dele, aportar informações para o manejo e conservação da biodiversidade nas áreas de trabalho, bem como para o desenvolvimento e implementação de boas práticas em saúde, apoiando as associações locais e órgãos públicos.

Uma importante contribuição será identificar fatores que favorecem o risco de emergência de zoonoses que circulam em animais silvestres e pessoas e elaborar materiais educativos. As atividades serão desenvolvidas com a participação das comunidades locais e voluntários para o monitoramento do SISS-Geo.

Segundo a pesquisadora Maria Lúcia Cardoso, antropóloga que faz parte da equipe, um dos principais desafios do projeto, no caso da Resex Tapajós-Arapiuns, além da logística, é desenvolver uma metodologia que permita estabelecer um diálogo com as comunidades e uma troca de conhecimentos.  “As populações tradicionais detêm um conhecimento próprio sobre os animais e as doenças. Nosso desafio é criar um novo conhecimento sobre saúde silvestre e saúde humana nessa região em que dialoguem os saberes científicos e os tradicionais. Esses conhecimentos complementares têm o potencial de gerar “boas práticas” de conservação da biodiversidade e da prevenção de doenças”.

Outro grande desafio, diz a pesquisadora, é a utilização do SISS-Geo, o aplicativo para celular de monitoramento da fauna silvestre, por populações que não têm muita prática com tecnologias e que moram numa região em que o acesso à telefonia móvel e à Internet é extremamente precária. “Nossa ferramenta estará em teste em condições adversas e será uma excelente oportunidade de aperfeiçoamento do aplicativo para torná-lo o mais acessível possível”.

Após levantamento inicial e coordenação com o ICMBio e a Associação Tapajoara, gestores da Resex, além de organizações que atuam na região, a equipe da Fiocruz embarca para sua primeira Expedição. Serão realizadas nove oficinas na Resex, com a expectativa de reunir mais de 500 moradores de 21 comunidades situadas no rio Tapajós.