Aplicativo para celular ajuda a identificar vetores da doença de Chagas

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Rita Moreira de Souza (Fiocruz Minas)

A doença de Chagas é endêmica em 21 países da America Latina e no Brasil estima-se que 2-3 mi­­­lhões de pessoas estejam infectadas pelo Trypanosoma cruzi que é o parasita responsável por causar lesões no coração, esôfago e intestino e que irão caracterizar a doença.

Existem várias formas de transmissão, mas a vetorial que ocorre através das fezes de barbeiros infectados está entre os principais mecanismos. Para evitar este tipo de transmissão o controle é feito através da notificação e/ou busca ativa pelos agentes de campo nas unidades domiciliares, com posterior borrifação de inseticidas nas casas infestadas.

Neste sentido, a participação comunitária e a a­tua­ção dos agentes de campo é fundamental para manter o serviço de vigilância e evitar novos casos de transmissão. É importante dizer que no Brasil existem mais de 60 espécies de barbeiros, obviamente a competência vetorial é diferente entre elas e daí a importância de saber fazer a identificação correta para orientar o controle e as pessoas que vivem expostas ao risco de infecção.

Mas o que nós temos observado ao longo dos últimos anos é uma grande rotatividade dos agentes de campo e laboratoristas que prestam este serviço e que são deslocados para outras atividades ou deixam o programa. Com isso não é raro os municípios ficarem sem pessoas capacitadas para o atendimento à população.
Para tentar amenizar este problema, nos desenvolvemos um aplicativo web e para dispositivos móveis como tablets e celulares denominado Guia de identificação de Triatomíneos, ou simplesmente TRIATOKEY http://triatokey.cpqrr.fiocruz.br desenvolvido pela Fiocruz Minas.

Ao iniciar, o usuário responde perguntas sobre características visíveis do inseto a ser identificado. Acontece um processo de eliminação, por meio das perguntas, que estreita as possibilidades. Para facilitar o processo, cada pergunta é acompanhada de fotos que podem ser ampliadas. De forma inte­rativa e didática, mas sem eliminar o conhecimento científico e técnico necessários para determinar a presença destes vetores, ao fim do processo, chega-se a um dos três gêneros de maior importância epidemiológica no Brasil, acompanhado por uma lista de espécies dentro daquele gênero. Outro ponto a ser destacado é a portabilidade da versão.

Qualquer pessoa que possui celulares com sistema Androide podem baixar o aplicativo e com isso garantir o uso desta ferramenta ainda em campo. Os municípios que aguardam a capacitação de seus agentes e laboratoristas já podem usufruir desta ferramenta, e evitar o comprometimento do programa de controle da doença de Chagas.