Fiocruz ganha Prêmio ODS Brasil 2018

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Por Nathállia Gameiro/ Fiocruz Brasília

A premiação selecionou os projetos que contribuem para o alcance das metas da Agenda 2030 e o desenvolvimento sustentável no país. Duas iniciativas da Fiocruz foram finalistas

A Plataforma Tecnológica para o Monitoramento Participativo de Emergência de Zoonoses, coordenada pela pesquisadora Marcia Chame, foi uma das iniciativas vencedores do Prêmio ODS Brasil 2018 na categoria Ensino, Pesquisa e Extensão, conferido pela Secretaria de Governo da Presidência da República. A cerimônia foi realizada na última quinta-feira, 13 de dezembro, no Palácio do Planalto, em Brasília.

“Receber um prêmio é sempre muito bom porque o reconhecimento alimenta a nossa vontade de trabalhar mais e de buscar novas soluções. Ter um trabalho reconhecido nacionalmente é sensacional. A minha equipe é composta por muitos jovens, espero que eles se fortaleçam muito com essas conquistas”, comemorou a pesquisadora Marcia Chame. O vice-presidente de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz, Marco Menezes, e o coordenador da Estratégia Fiocruz na Agenda 2030, Paulo Gadelha, prestigiaram o evento ao lado de outros pesquisadores da instituição.

O troféu em formato de cacto Mandacaru, símbolo de resistência no Sertão e de superação de dificuldades, foi fabricado por artesãos de Várzea Queimada, comunidade localizada na zona rural do município de Jaicós no interior do Piauí, e tem design de Marcelo Rosenbaum. A escultura é feita de borracha de pneu de caminhão, material usado na região para confecção de vários objetos, principalmente chinelos.

Lançado em 2014, o projeto da Fiocruz vencedor do 3º lugar da categoria, é uma ferramenta que permite o registro e monitoramento de animais silvestres por qualquer pessoa, com georreferenciamento. É possível inserir dados de anormalidades como feridas e mudanças de comportamento da fauna e características do ambiente. “Os dados da saúde no Brasil não são georreferenciados e isso limita a capacidade de trabalhar com modelos de prevenção e controle”, afirma Chame. A pesquisadora explica que o aplicativo trabalha ainda a ciência cidadã, no momento em que permite que as pessoas se envolvam no processo de monitoramento dos animais. Para Márcia, possibilita ainda que a sociedade conheça a relação entre a saúde silvestre e a saúde das pessoas e repensem a forma de viver: a conservação da biodiversidade que pode trazer melhorias para a saúde e modificar o processo de transmissão de doenças, e ao mesmo tempo os impactos e degradação ambiental que fazem com que algumas doenças reapareçam.

As informações inseridas no aplicativo são analisadas por pesquisadores, que relacionam as ocorrências com diversos dados de infraestrutura socioambiental, modificações ambientais, mudanças climáticas e do uso da terra, para tentar entender como é a dinâmica frente ao mundo que se transforma, por que algumas doenças têm surtos em certas localidades, desaparecem em umas regiões e permanecem em outras. Mais de 58 comunidades já utilizaram o aplicativo, do Norte ao Sul do país. Com o uso e o retorno das pessoas, já foram feitas mais de 200 melhorias no aplicativo. “Isso mostra como o conhecimento tradicional e o científico podem se somar, agregar e construir”, destaca a pesquisadora.  

O Prêmio ODS 2018 é uma iniciativa do Governo Federal. Ao todo, 1038 iniciativas foram inscritas. Destas, 39 práticas foram selecionadas para a etapa final, nas categorias Fins Lucrativos; Ensino, Pesquisa e Extensão; Governo; e Sem Fins Lucrativos. O Comitê Técnico avaliador foi composto por representantes da Secretaria de Governo, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), da Escola Nacional de Administração Pública (Enap) e do Ministério da Saúde (MS).

Entre as finalistas, outra iniciativa da Fiocruz: Observatório de Territórios Sustentáveis e Saudáveis da Bocaina. Os pesquisadores Vagner Nascimento e Edmundo Gallo receberam a placa de Honra ao Mérito.
O Observatório foi criado em 2009 em parceria com o Fórum de Comunidades Tradicionais e atua na Serra da Bocaina, entre os municípios de Ubatuba (SP), Paraty e Angra dos Reis (RJ) buscando reduzir as situações de conflito e promover o desenvolvimento territorial. Existem mais de 100 comunidades tradicionais caiçaras, indígenas e quilombolas.

Durante a cerimônia, foi anunciado o lançamento de um banco de práticas que servirá de referência para a implementação e a disseminação de projetos sociais, ambientais, econômicos e institucionais na Agenda 2030.

Estiveram presentes o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha e da Secretaria de Governo, Carlos Henrique Sobral, o secretário de Articulação Social, Henrique Villa.