No Dia Mundial das Zoonoses (06/07), a Plataforma Institucional de Biodiversidade e Saúde Silvestre (Pibss), da Fiocruz, reuniu agricultores, guardas ambientais, profissionais de saúde, agentes de ecoturismo, estudantes, além de outros interessados no tema, no município de Magé (RJ). O encontro foi motivado por atividades que integraram o II Workshop da Rede Brasileira de Ciência Cidadã e tiveram como objetivo ampliar o uso do SISS-Geo na região.
Pela manhã, a oficina “Cientistas cidadãos integrando o monitoramento da fauna à vigilância de zoonoses que circulam entre animais silvestres e humanos” contou com a participação de cerca de 30 pessoas no Centro Cultural, Esportivo e Educacional Waldemar Mello (CCEEWAME), localizado no distrito de Santo Aleixo, no entorno do Parque Nacional Serra dos Órgãos. A realização do evento foi intermediada pelos colaboradores do SISS-Geo Carlos Alberto da Silva e Jorge Antônio Paiva, do Projeto Base da Coruja, na mesma localidade. Além de contribuírem com registros de animais e por anos consecutivos premiados entre os 10+ Colaboradores do sistema, eles desenvolvem atividades de ecoturismo e reflorestamento, agregando ao projeto local outros participantes e novos conhecimentos.
Foto: Barbara Souza
O evento contou com seis guardas ambientais do Batalhão Municipal de Magé, dois agentes da Coordenação de Zoonoses do município de Itaboraí (RJ) e uma representante do Parque Municipal de Nova Iguaçu (RJ). Também estiveram presentes moradores das comunidades locais, pesquisadores do CCEEWAME, técnicos da RPPN Regua e outros atores considerados estratégicos no monitoramento da fauna e vigilância participativa.
O encontro começou com uma roda de conversa sobre as relações da saúde silvestre com a humana. Na sequência, a coordenadora da Pibss, Marcia Chame, que conduziu a atividade, apresentou o SISS-Geo, explicando a importância da participação de toda a sociedade no monitoramento da saúde dos animais silvestres. Os participantes puderam aprender na prática a usar o sistema, fazendo registros com situações simuladas. O treinamento foi oferecido no próprio local, com a orientação da equipe da Fiocruz. Por fim, todos puderam avaliar as atividades da oficina em conjunto.
Foto: Matheus Costa
Foto: Matheus Costa
"Capacitações sobre ambiente em paralelo com políticas públicas são sempre bem-vindas. Nós da Guarda Ambiental vamos nos esforçar para contribuir com esse trabalho. Vamos buscar fazer os registros, o que também vai facilitar nossa atividade. A gente, no dia a dia, captura diversos animais, como mamíferos e répteis, mas depende da demanda. Esse curso caiu como uma luva e ampliou nosso conhecimento", relata o guarda ambiental de Magé Cícero Antônio da Silva. No período da tarde, um grupo de participantes e a equipe da Pibss foram recebidos no Camping da Coruja, já na área do Parnaso, para mais uma prática do uso do SISS-Geo, mas em percurso na natureza. Nessa vivência, também houve um bate-papo para troca de experiências, o que contribui para o debate sobre as relações da saúde silvestre e humana, os fatores que favorecem a ocorrência de zoonoses, e boas práticas para a saúde de todos e conservação da Biodiversidade.
"Ficar em segundo lugar no ranking no SISS-Geo foi muito bom para aumentar a nossa visibilidade do Camping da Coruja. Até moradores aqui de Santo Aleixo não sabiam da gente aqui, não sabiam do que a gente fazia. A gente começou a ser visto. E aí por diante, é uma bola de neve", conta Carlos.
Eventos como estes realizados em Magé buscam não somente ampliar o uso do SISS-Geo por meio da formação de novos colaboradores da vigilância da emergência de zoonoses, mas também conscientizar sobre a importância da conservação da biodiversidade. A ideia é fortalecer os parceiros locais para a construção de um núcleo de monitoramento da saúde silvestre para o desenvolvimento e aplicação de boas práticas sanitárias e de conservação da biodiversidade no território.
Foto: Pedro Zeno