Entre as particularidades que o SISS-Geo (Sistema de Informação em Saúde Silvestre) apresenta, destacam-se os trabalhos de auditoria e validação taxonômica. Em biologia, duas grandes disciplinas são essenciais para a identificação dos organismos: a Taxonomia e a Sistemática Filogenética. Enquanto a taxonomia define e nomeia os organismos vivos com base em suas características comuns, a sistemática os classifica e organiza de acordo com suas relações evolutivas (de parentesco).
A auditoria e validação taxonômica são componentes fundamentais dos critérios de qualidade do SISS-Geo. Elas asseguram que as informações sobre os organismos registrados sejam precisas, reduzindo erros na interpretação de dados e aumentando a confiabilidade em possíveis análises. A identificação dos organismos é crucial porque cada espécie carrega consigo sua história evolutiva, sua distribuição geográfica e suas interações com o ambiente e outras espécies. No contexto da saúde, esse conhecimento é essencial para a vigilância epidemiológica, pois permite identificar quais espécies podem ser reservatórios naturais de doenças, quais atuam como vetores e quais são mais suscetíveis à agentes infecciosos. Essas informações são vitais para a detecção precoce de surtos zoonóticos e para o desenvolvimento de estratégias mais eficazes no controle dos riscos à saúde pública.
Além disso, uma identificação taxonômica precisa é fundamental para o monitoramento da fauna, pois permite o acompanhamento das populações e fornece dados para auxiliar na preservação e conservação das espécies e no planejamento de estratégias de gestão ambiental. Assim, a plataforma pode oferecer informações valiosas para pesquisas científicas e políticas públicas de cunho ambiental.
Entretanto, é importante destacar as limitações do processo de validação taxonômica em projetos de ciência cidadã, como o SISS-Geo. A qualidade das fotografias, a proximidade e o ângulo de captura das imagens dos animais, as características morfológicas específicas do táxon e as descrições precisas na literatura científica são fatores que podem impactar a precisão da identificação. Por isso, busca-se realizar a identificação no menor nível taxonômico possível (Ordem > Família > Gênero > Espécie), com o apoio de pesquisadores voluntários especializados em diversos grupos zoológicos.
No sistema, cada registro pode ser verificado quanto ao status e andamento do processo de auditoria, sendo classificado como: pendente, verificando com especialistas, auditado, inconsistente, irrelevante ou válido. O processo de verificação dos registros no SISS-Geo é composto por duas etapas distintas: a auditoria, realizada pela equipe da Pibss (Plataforma Institucional Biodiversidade e Saúde Silvestre), e a validação taxonômica, que pode contar com o apoio de especialistas cadastrados. Durante a auditoria, os registros pendentes passam por uma triagem, na qual os registros verídicos (consistentes) são separados dos registros duplicados ou de treinamentos (inconsistentes). A partir desta primeira triagem, o registro já é considerado auditado. Na segunda etapa, são identificados os registros consistentes e relevantes para a plataforma, diferenciando-os de registros que representam animais domésticos ou invertebrados (irrelevantes). Com os registros consistentes e relevantes triados, inicia-se a validação taxonômica, na qual profissionais da Pibss identificam o animal representado no registro até o nível de espécie, de gênero ou de família, classificando-o como válido.
Durante o processo de validação, o auditor pode contar com o apoio de especialistas voluntários cadastrados no sistema. Quando um especialista é consultado, o status do registro é alterado para "verificando com especialista" até que a identificação seja aprovada pelo auditor.