Conheça a Plataforma SISS-Geo: auditoria e validação taxonômica por trás de cada registro

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Fabiane Proba e Marcia Chame

Entre as particularidades que o SISS-Geo – Sistema de Informação em Saúde Silvestre – apresenta, ocupam lugar de destaque os trabalhos de auditoria e validação taxonômica. A Taxonomia é a disciplina da Biologia que define e nomeia os organismos vivos com base em características comuns, e a Sistemática ajuda na classificação organizando-os pelas suas relações evolutivas (parentesco). Essa identificação é da maior importância, pois cada espécie é única, traz a história da sua origem e distribuição na Terra, além das relações com as demais nos ecossistemas. Para a saúde, é fundamental que possamos conhecer quais espécies são suscetíveis a determinados agentes infecciosos e podem se tornar patógenos, hospedeiros e vetores. 

A auditoria e validação taxonômica dos registros no SISS-Geo são partes dos critérios de qualidade da Plataforma. No entanto, deve-se indicar claramente as limitações inerentes ao processo de validação taxonômica de projetos de ciência cidadã que depende, entre outros, da qualidade da fotografia, proximidade e ângulo de captura da imagem do animal, das características morfológicas específicas do taxon, de descrições acuradas na literatura científica. Assim, e dependente dos fatores limitantes, busca-se a identificação ao menor nível taxonômico possível, com auxílio de pesquisadores voluntários com experiência taxonômica nos diversos grupos zoológicos. 

O processo de verificação dos registros do SISS-Geo inclui duas etapas distintas: a auditoria realizada pela equipe da Pibss e a validação taxonômica. Todo o processo encontra-se automatizado no SISS-Geo, habilitado aos auditores da Pibss e a especialistas ad hoc voluntários e registrados no sistema. 

No Sistema cada registro pode ser verificado quanto ao status/andamento do processo de auditoria e validação taxonômica: pendente, verificando com especialistas, auditado, inconsistente, irrelevante e válido. 

Mas como funciona?

A equipe de especialistas da Pibss avalia cada registro, priorizando os grupos de interesse imediato para a saúde, o que pode causar alguma demora para animais de outros grupos.

- Baseado na fotografia e nas informações elencadas, o auditor identifica se o registro é inconsistente ou consistente, ou seja, se o registro traz a foto e informações adequadas de um animal é consistente. Se o registro, erroneamente, traz a imagem de objeto ou outro motivo de não interesse, será considerado inconsistente. 

- Para validação dos registros sem fotografia, considera-se a expertise científica do colaborador, a área de distribuição da espécie e outras informações incluídas.

- Os registros consistentes são, então, divididos entre irrelevantes e relevantes.

- Consideramos irrelevantes animais invertebrados e animais domésticos em cativeiro. Mas, embora esses registros não sejam de nosso interesse imediato, todos são mantidos em banco de dados e estão à disposição para pesquisadores e interessados, a partir de solicitação de acesso ao sistema.

- Registros relevantes são aqueles que trazem animais silvestres e animais exóticos em vida livre, incluindo aqui animais domésticos de interesse para a vigilância de zoonoses, como os equídeos que são relevantes para o monitoramento da Febre do Oeste do Nilo.

- Os registros relevantes são identificados ao menor nível taxonômico possível. Caso haja dificuldade na identificação do animal, recorre-se a pesquisadores que são especialistas naquele grupo de animais. Neste caso, até que tenhamos a confirmação da espécie, gênero ou família, o status do registro será verificando com especialista.

- Quando o processo de validação taxonômica é finalizado, o registro ganha o status de validado e uma comunicação por e-mail é enviada ao colaborador, informando o nome científico do animal, ou sua classificação mais próxima.

- Muitas vezes não é possível avançar para a validação taxonômica pela qualidade da fotografia ou divergência de informações. Neste caso, o registro permanecerá como auditado.

O objetivo deste processo é qualificar os registros para diversos usos e devolver ao colaborador a informação sobre a espécie registrada, parte da integração desejada na aplicação do conceito do cidadão cientista, que amplia o conhecimento daquilo que ele observa e é reconhecido pela sua colaboração.