Parceria: Prefeitura do Rio e PIBSS-Fiocruz

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Equipe CISS (Marcia Chame e Rita Braune)

Em janeiro de 2017, por ocasião do adoecimento e morte de primatas no Rio de Janeiro, a Fundação Oswaldo Cruz reuniu cerca de 250 profissionais entre pesquisadores, gestores de saúde e representantes da sociedade civil no “Painel de Febre Amarela” para aprofundar o conhecimento e promover ações articuladas entre a Fundação, o Ministério da Saúde (MS), secretarias estaduais e municipais de Saúde, instituições científicas e a sociedade.

Neste contexto e alinhada à necessidade discutida no painel de fortalecimento da rede de vigilância para o monitoramento contínuo da Febre Amarela, a Plataforma Institucional Biodiversidade e Saúde Silvestre (PIBSS-Fiocruz) iniciou a parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro, dentre outras cooperações com órgãos estaduais e federais, da saúde e ambiente.

A parceria da PIBSS-Fiocruz com a prefeitura do Rio se dá por meio da Subsecretaria de Vigilância, Fiscalização Sanitária e Controle de Zoonoses. Com a coordenação da médica veterinária, Patrícia Nuñez, e da pesquiadora Marcia Chame, coordenadora da PIBSS diversas oficinas, com conteúdo programático específico, já capacitaram mais de 200 profissionais no município, de março de 2018 a março de 2019. Entre os participantes, aqueles envolvidos diretamente na identificação e notificação de epizootias e na coleta de primatas não humanos, como guardas municipais da Patrulha Ambiental, policiais militares dos Comando de Policiamento Ambiental do estado do Rio de Janeiro, médicos veterinários residentes da Subsecretaria de Vigilância Sanitária e Controle de Zoonoses, bem como técnicos e agentes de endemias da Funasa, que prestam serviço no Centro de Controle de Zoonoses e participam da remoção de carcaças de primatas não humanos.

"Durante os treinamentos, nos surpreendemos em perceber profissionais que ainda não haviam sido vacinadas contra a FA e sem capacitação adequada em biossegurança para a remoção das carcaças. Os treinamentos possibilitaram além da capacitação, a sensibilização para a importância da vacina e da biossegurança, entre outros temas da área", disse Patrícia.

Patrícia disse ainda que o processo de educação continuada é vital e chamou a atenção para o "silêncio epidemiológico" em 2019, já que este ano não recebeu o mesmo número de chamadas para recolher macacos pelo serviço 1746 da Prefeitura. Quando o tema sai de pauta, a população e os próprios agentes transferem a importância da vigilância de epizootias de FA para segundo plano, o que é extremamente perigoso.

A parceria tem sido enriquecedora e, por isso, a coordenação de vigilância em zoonoses e a PIBSS estão programando um próximo treinamento para todos os técnicos da Secretaria Municipal de Meio Ambiente  no auditório do Parque Municipal do Marapendi. Estuda-se ainda, os meios para que o app SISS-GEO seja utilizado como ferramenta de vigilância de zoonoses no município e como projeto piloto incorporar as fichas de notificação “on line” no SISS-Geo.

Os treinamentos contam com palestras sobre emergência de zoonoses, com foco na Febre Amarela, treinamento prático de biossegurança para a coleta de primatas não humanos e material biológico,  discussões sobre a importância da qualidade dos dados, do georreferenciamento, da necessidade de cumprir o fluxo de informação e de amostras e ainda, procedimentos para vigilância passiva de primatas.
O SISS-Geo - Sistema de Informação em Saúde Silvestre, integra o treinamento como ferramenta  digital, disponível em app gratuito (Android e iOS) que gera, com a colaboração de todos, registros com fotos, posicionamento geográfico por satélite, informações sobre o animal e o ambiente onde este foi registrado. Todas essas informações chegam em tempo real na Plataforma SISS-Geo, o que possibilita a mobilização das equipes para a coleta e com isso, a garantia de material adequado ao diagnóstico laboratorial. Parte da equipe da Fiocruz, dedica-se à construção de modelos computacionais geoespaciais para identificação dos fatores que favorecem a Febre Amarela e apoio às políticas de vigilância e saúde e conservação