O Centro de Resiliência de Campinas, promoveu na manhã desta quinta-feira, 13 de fevereiro, simulado com uso do Sistema de Informação em Saúde Silvestre (SISS-Geo) para apoiar as ações em emergência de saúde pública, relacionadas à febre amarela. O SISS-Geo é um aplicativo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para monitorar a fauna, a vigilância de emergências de zoonoses e conservar a biodiversidade.
A ação ocorreu no Parque Ecológico Monsenhor Emílio José Salim e contou com a participação de representantes das Defesas Civis de Campinas, Itatiba, Tuiuti, Morungaba, Socorro, Jaguariúna, Pedreira e Vinhedo. Três dessas cidades registraram morte de macacos. Membros da Rede Estadual de Emergência de Radioamadores (REER), da Secretaria Municipal do Clima, Meio Ambiente e Sustentabilidade e da Unidade de Vigilância em Zoonoses (UVZ) da Secretaria de Saúde de Campinas e da Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec) também participaram.
O SISS-Geo é um aplicativo que transmite dados georreferenciados que contribuem para a identificação de corredores ecológicos de transmissão da doença. O sistema envia alertas automatizados sobre animais mortos e doentes que podem indicar a circulação de agentes infecciosos. Gratuito, pode ser usado por todas as pessoas e está disponível para o sistema operacional Android e para o IOS (Iphone). É muito simples de baixar e é autoexplicativo.
Presente no simulado, o prefeito de Campinas, Dário Saadi, lembrou que o município é embaixador do SISS-Geo pelas contribuições feitas à plataforma. Em 2023, foram feitos 51 registros de observação de primatas não humanos no sistema (entre animais vivos e mortos); 47 em 2024 e 18 em 2025 (até o dia 11/02). “Esse treinamento compartilha nossa experiência com o SISS-Geo para detecção de animais doentes. Se a pessoa ver um macaco morto em qualquer lugar, ela pode nos avisar pelo aplicativo. Nós temos todo o procedimento para identificar o mais rápido possível se o animal está infectado ou não. Sem dúvida esse treinamento vai colaborar com todas as cidades da região”, destacou o prefeito.
De acordo com o coordenador regional e diretor da Defesa Civil de Campinas, Sidnei Furtado, a simulação realizada hoje foi muito importante, e a expectativa é que esse treinamento seja ampliado para outras cidades. “O exercício de hoje envolveu representantes da Secretaria de Saúde e da Defesa Civil de alguns municípios aqui da região. E demonstramos como a Defesa Civil pode ajudar a saúde em uma busca ativa na localização de macacos mortos. Importante lembrarmos ainda que não são os macacos que transmitem a febre amarela, mas os mosquitos. Eles são 'sentinelas', que nos avisam que a doença está circulando, dando tempo para que se possam fazer ações para prevenir a ocorrência da febre amarela em humanos”, contou.
O trabalho também contou com a participação de radioamadores para integrar as cidades da região e foi montada uma sala de situação representada pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (lFDA) em parceria com a Defesa Civil dos municípios e da Saúde.
A união de todos os órgãos no simulado também foi ressaltada pelo coordenador da REER, Daniel Almeida. “Unificar as comunicações para que todos se integrem e consigam entender o que está acontecendo foi o diferencial do evento. Cada setor público tem uma rede própria, em uma emergência todos precisam ter a mesma comunicação, esse é o trabalho da REER, contribuir para essa comunicação integrada entre todos”, afirmou.
Já para o coordenador da Defesa Civil do município de Pedreira, Eduardo Pizini, a ação é muito válida para se adquirir o conhecimento, ver como é feito, de que maneira é abordado, como é tratada essa questão. “E, além de tudo, o mais importante é fazer com que se conscientize das ações provenientes dessa ação e, dessa forma, ampliar a nossa vigilância em cima da doença que vem se alastrando”, colocou.
Como foi o simulado?
O simulado demonstrou como a metrópole atua a partir do momento que o aviso que um macaco morto foi encontrado. “Nós executamos todas as etapas desde o momento que recolhemos o cadáver de um animal, processamento e envio de amostras, e a busca ativa de outros primatas na região onde foi encontrado o primeiro caso. A partir disso a gente consegue elaborar todas as ações que são necessárias para prevenção, por exemplo, da febre amarela”, contou a coordenadora da UVZ, Marcela Coelho.
“Realizamos uma ação preventiva e de organização mostrando Campinas como referência de trabalho para que os municípios vizinhos visualizem cada etapa, quais os atores envolvidos, porque cada um está nesse papel, o suporte da Defesa Civil e colocar em prática conforme a estrutura que eles tem”, detalhou a coordenadora.
A atividade também contou com apoio de drones e de viaturas da Defesa Civil.
Passo a passo
No simulado uma pessoa estava caminhando no parque e viu um macaco morto. Ela fez o registro no aplicativo e ligou para a Defesa Civil que orienta o cidadão para os procedimentos para preservar o cadáver do animal e aciona a UVZ. Quando o registro é feito pelo SISS-Geo automaticamente uma mensagem é enviada para a Unidade de Zoonoses, por e-mail. Assim que recebe o comunicado, a equipe verifica as coordenadas e se dirige para o local imediatamente, ou seja, as ações são desencadeadas em tempo real.
Ao chegar ao local, a UVZ recolhe o cadáver, leva para a unidade e faz a coleta do material que será analisado no laboratório. Com esse resultado em mãos são desencadeadas todas as ações. Por exemplo, se o exame for positivo para a febre amarela, é feita a busca ativa para verificar se há outros animais mortos na região. Mapeando o encontro desses cadáveres, é traçada uma rota possível de dispersão do vírus para que a Saúde priorize áreas de imunização, por exemplo.
O Departamento de Defesa Civil de Campinas, vinculado à Secretaria Municipal de Governo, é o órgão central do Sistema Municipal de Proteção e Defesa Civil, responsável por promover a normatização, supervisão técnica e específica sobre as ações desenvolvidas pelos órgãos do SIMPDEC. Entre em contato pelo telefone 199 para registrar ocorrências.