Fiocruz apresenta sistema de monitoramento participativo de emergência de zoonoses (SISS-Geo) na Suécia

Crédito
Rita Braune

O Centro de Informação em Saúde Silvestre da Fiocruz participou de 27 a 31 de outubro na cidade de Jönköping, Suécia, do TDWG 2014.
O evento reuniu este ano,  a maior delegação brasileira desde o primeiro congresso, com representantes da Fiocruz, JBRJ (Jardim Botânico do Rio de Janeiro), LNCC (Laboratório Nacional de Computação Científica) e USP (Universidade de São Paulo).

A conferência é realizada anualmente desde 1985 em diferentes países pelo TDWG (Biodiversity Information Standard), uma organização internacional independente que contribui de forma expressiva para os esforços em promover a investigação e aplicação de métodos relacionados ao desenvolvimento do uso sustentável da biodiversidade.

O TDWG tem origem no Taxonomic Databases Working Group e foi criado para promover a colaboração internacional entre pesquisadores das áreas da biologia e informática e bancos de dados de espécies.
Atualmente o grupo está focado no desenvolvimento de padrões de compartilhamento de dados biológicos de biodiversidade abrangendo dados genômicos, de distribuição de espécies e climatológicos, entre outros.

Este ano o evento contou com aproximadamente 200 participantes de vários países que apresentaram trabalhos sobre o tema principal: Aplicações e Padrões de Dados para uso sustentável da biodiversidade.

No simpósio dedicado às plataformas emergentes, o professor Eduardo Krempser apresentou o Sistema de Informação em Saúde Silvestre - SISS-Geo, desenvolvido pela Fiocruz em parceria com o LNCC (Laboratório Nacional de Computação Científica).

Após a apresentação do SISS-Geo, o secretário executivo do Consortium for the Barcode of Life (CBOL), organização internacional do Smithsonian Museu de História Natural, Doutor David Schindel, declarou na plenária que "a Fiocruz e as outras instituições que participam do SISS-Geo estão explorando uma nova e entusiasmante forma de uso para as coleções científicas e que certamente irão atrair a atenção global". (*)

Doutor Schindel ressaltou ainda que “Doenças emergentes como o Ebola no oeste da África estão mostrando a importância das coleções científicas e seus bancos de dados para detecção antecipada, caracterização e controle de doenças infecciosas. O SISS-Geo está demonstrando uma liderança mundial por meio de novas parcerias, redes de dados, procedimentos padrões de operação e uma nova cultura de cooperação para coleções científicas” (**).

Para o Doutor Schindel, o TDWG "está promovendo novos padrões de dados, novas abordagens de softwares e a Fiocruz e os parceiros do SISS-Geo estão entre os participantes mais ambiciosos e avançados do congresso por disponibilizar uma ferramenta capaz de gerar benefícios tangíveis para a sociedade. Este é um exemplo de como o investimento público em pesquisa científica, coleções e recursos de dados digitais podem gerar grandes dividendos". (***)

Outros sub temas foram apresentados como acessos a ferramentas de digitalização e métodos, capacitação para digilatização, arquitetura baseada em nomes para relacionamento de dados de biodiversidade, ecologia e informática da conservação, implementação de formato “audobon core” para implementação de dados em multimídia e uso de literatura para uso sustentável da biodiversidade.

No simpósio sobre fluxos e serviços de informática em biodiversidade apresentaram seus trabalhos o Doutor Luiz Gadelha do SIBBr (Sistema de Informação sobre a Biodiversidade (Workflows Científicos Escaláveis com Suporte a Proveniência para Modelagem de Distribuição de Espécies) e Allan Koch da Universidade de São Paulo (Qualidade de dados de biodiversidade adaptados para workflows científicos).

Durante o simpósio, relavantes discussões e avaliações foram levantadas acerca da atribuição de autoria e permissão de uso de dados advindos de sistemas colaborativos.

No conjunto de trabalhos direcionados aos projetos com contribuições para a ciência cidadã (Citizen Science and CrowdSourcing), a Professora Marcia Chame da Fiocruz, apresentou a aplicação da ciência cidadã ao SISS-Geo como uma alternativa para o monitoramento de doenças emergentes provenientes da biodiversidade (Citizen Science: an alternative for monitoring emergent diseases arising from biodiversity in Brazil).

Outros projetos mostraram aplicações, métodos e experiências baseadas na participação cidadã: digitalização de pesquisas de espécies, dados sobre animais e plantas, monitoramento marinho na bacia mediterrânea por mergulhadores amadores, plataforma de ciência cidadã dedicada a identificação de plantas e monitoramento botânico e como criar acessos à tratamentos taxonômicos.

No simpósio - Qualidade de Dados de Biodiversidade, Questões, Métodos e Ferramentas, coordenado pelo brasileiro Doutor Antonio Mauro Saraiva da USP, Livia Abdalla, do Centro de Informação em Saúde Silvestre apresentou o poster “Mitigação dos erros posicionais dos dados para a modelagem de oportunidade ecológica de ocorrência de doenças do Sistema de Informação em Saúde Silvestre – SISS-Geo.

Doutor Saraiva, que é membro representante da América Latina no conselho executivo do TDWG, relatou ao CISS que embora hoje já existam padrões de dados para a biodiversidade, é preciso uma atualização contínua e a criação de novos padrões para outros tipos de dados relacionados.

Dr Saraiva ressaltou que o SISS-Geo apresentado pela Fiocruz e LNCC caracteriza a participação brasileira no papel mais de ator e menos de expectador e traz a questão da saúde especificamente.

Em depoimento ao CISS, a presidente do TDWG, Cinthya Parr declarou "que um dos eixos importantes da conferência este ano foram as discusssões em torno das colaborações e que é muito entusiasmante ver a evolução da biologia genômica com a ecologia trabalhando juntas para combinar bancos de dados". (****)

Cyntia afirmou ainda que "alguns problemas tecnológicos podem ser solucionados com o amadurecimento de parcerias e que o Brasil pode criar grandes oportunidades e ainda que "o grande desafio é a qualidade dos dados e atributos dos organismos". (****)

“A Fiocruz vem mostrando que tem uma alta capacidade de participar das questões e discussões sobre as relações entre a biodiversidade e a saúde, do ponto de vista do acervo secular das coleções da Fundação e dos sistemas de informação que podem potencializar serviços”, declarou a professora Marcia Chame, coordenadora do Centro de Informação em Saúde Silvestre.  

Equipe da Fiocruz no TDWG 2014: Marcia Chame, Eduardo Krempser, Rita Braune e Livia Abdalla.

Depoimentos originais em inglês:

(*) “Fiocruz and the other organizations participating in SISS-Geo are exploring new and exciting uses of scientific collections that is sure to attract global attention". (David Schindel)

(**) "Emerging diseases like Ebola in West Africa are showing the importance of scientific collections and their associated databases for early detection, characterization, and control of infectious diseases.  SISS-Geo is demonstrating global leadership by generating new partnerships, data networks, standard operating procedures and a new culture of cooperation among scientific collections". (David Schindel)

(***) "TDWG as an organization is promoting new data standards and software approaches.  Fiocruz and the other SISS-Geo participants are among the most ambitious and advanced TDWG participants in putting these tools to work in ways that will generate tangible benefits for society.  This is an example of how public investment in scientific research, collections and digital data resources can pay big dividends”. (David Schindel)

(****) "It’s very exciting to see the evolutionary of biology genomic and ecology working together to combine databases. The big challenger is the data quality and atributes of organisms”. (Cynthia Parr)