Mesas de discussão

Dando continuidade às palestras, pesquisadores de diversas áreas de conhecimento apresentaram suas experiências e sugestões de aplicabilidade à modelagem de oportunidades ecológicas de ocorrência de doenças advindas da biodiversidade.

Modelagem de dispersão de doenças: Dr. Oswaldo Cruz do Programa de Computação Científica, PROCC e Dra. Marcia Chame do Programa Institucional de Biodiversidade e Saúde- PIBS, ambos da Fiocruz.

- Modelagem de distribuição potencial de espécies e nicho ecológico: Dra. Marinez Siqueira do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Dr. Rafael Loyola da Universidade Federal de Goiás, Dra. Kátia Ferraz da ESALQ- USP e Luiz Gadelha do LNCC.

- Modelagem matemática a partir de dados: Dr. Douglas Augusto, Dr. Eduardo Krempser do LNCC e Dra. Ana Claudia Paula da Marinha do Brasil.

- Modelagem geoespacial: Lívia Abdalla do Programa Institucional de Biodiversidade e Saúde - Fiocruz, Renata Gracie e Bruno Sérgio Coelho de Oliveira do Centro de Informação Científica e Tecnológica ICICT - Fiocruz.

Dr. Rafael Loyola, ecólogo e diretor do Laboratório de Biogeografia da Conservação da UFG, apresentou modelos de distribuição de espécies ameaçadas de extinção e sua aplicação na tomada de decisão para o planos de conservação no Brasil. Disse que sua motivação em participar da oficina foi fazer parte de uma iniciativa pioneira e crucial para o desenvolvimento de políticas públicas sobre saúde silvestre e humana.
"Meu laboratório trabalha para gerar suporte científico à tomada de decisão ambiental no Brasil e integrar o grupo dessa oficina é mais uma oportunidade de influenciar essa tomada de decisão".

Dr. Loyola disse ainda que a oficina por reunir profissionais de diferentes áreas, tem papel integrador fundamental e falou sobre a importância do SISS-Geo em compilar e validar registros de ocorrência de animais silvestres, seus parasitas e doenças, oferecendo uma base de dados confiável e com inúmeras aplicações possíveis. "O SISS-Geo tem o potencial real na elaboração de políticas públicas de saúde animal e silvestre".

Sobre os desafios da modelagem, Loyola ressaltou que no Brasil a carência de dados de qualidade e bem distribuídos pelo território é um grande impedimento para uma modelagem preditiva com alta certeza. Isso, somado a biodiversidade gigantesca, torna a modelagem de distribuição para muitas espécies uma tarefa trabalhosa.

A pesquisadora Dra Marinez Siqueira do Jardim Botânico do Rio de Janeiro ressaltou que a iniciativa da oficina foi de extrema relevância no escopo da saúde pública, tanto por tratar de um tema emergente (como é o caso de doenças ocasionadas por agentes etiológicos circulantes em animais silvestres) como por usar tencologia de ponta na aquisição, tratamento, transformação e disponibilização da informação associada ao diagnóstico tanto preventivo quanto de acompanhamento de doenças já estabelecidas.
"Acho que a participação do Jardim Botânico em parceria com o Laboratório Nacional de Computação Científica, poderá auxiliar no desenvolvimento e implementação de um compenente de modelagem de nicho ecológico, baseado em computação de alto desempenho, dentro do Sistema de Informação de Saúde Silvestre, SISS-Geo".

A pesquisadora Dra Kátia Ferraz da USP também apresentou sua experiência e disse que a oficina é uma excelente oportunidade de integrar diferentes campos do conhecimento relacionados à saúde silvestre, promovendo a inter-multidisciplinaridade, necessária para a compreensão de tema tão complexo. "A oficina teve um importante papel promovendo o início de importante diálogo entre pesquisadores, modeladores e gestores, em torno de um tema comum. A modelagem de distribuição de espécies pode contribuir para elucidar questões relativas ao diagnóstico da situação-problema e, principalmente, colaborar para a sua prevenção. Nesse sentido, o SISS-GEO assume papel central para viabilizar, não só o serviço de modelagem, mas também para promover o intercâmbio e avanço do conhecimento."

Outro participante da oficina foi o Dr.Oswaldo Cruz, especialista em modelos epidemiológicos  de dispersão de doenças, especialmente as transmitidas por vetores como a dengue.

Dr. Oswaldo ressaltou que o grande desafio da modelagem é criar modelos capazes de responder as perguntas colocadas e disse ainda, que sua motivação em participar da oficina foi buscar interfaces com outras áreas de interesses e compartilhar conhecimento.

No último dia, após as mesas de discussão, o grupo consolidou elementos para elaboração de documento norteador para o avanço da temática, a consolidação das reflexões durante a oficina e as sugestões para o aprimoramento SISS- Geo.