No período sazonal da Febre Amarela, de julho de 2018 a junho de 2019, ocorreram no Paraná epizootias em primatas não humanos (PNH) em 73 municípios. Na ocasião, entre as diversas recomendações e alertas da Secretaria de Saúde do Estado aos serviços de saúde, foram feitas orientações à população para notificação imediata de morte de macacos às secretarias municipais de saúde e a notificação ao Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Paraná (CIEVS/PR).
Ações preparatórias, como o treinamento das equipes de vigilância de todos os estados brasileiros foram realizadas pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (SVS/MS) em colaboração com técnicos e instituições de diversas instituições brasileiras, objetivando o enfrentamento coordenado de ações de prevenção e controle da Febre Amarela que se expandiu para o sudeste e, a partir de 2019, para o sul do país. Nestas oportunidades o SISS-Geo - Sistema de Informação em Saúde Silvestre foi apresentado como ferramenta auxiliar para o monitoramento de PNH, uma vez que o registro fotográfico e da coordenada geográfica mesmo “off line”, além de outras informações, permite em tempo real a distribuição da informação nos três níveis de governo. Com o início da dispersão da Febre Amarela para o Paraná, os técnicos que participaram dos treinamentos nacionais iniciaram o uso do SISS-Geo em suas localidades, trazendo a oportunidade de sua utilização para a vigilância da doença. O alinhamento das ações entre , o Grupo Técnico de Vigilância das Arboviroses (SVS/MS), o Cievs do Paraná e a Plataforma Institucional de Biodiversidade e Saúde da Fiocruz, permitiu a expansão do uso do SISS-Geo no Estado, onde a capacitação dos profissionais das regionais de saúde, do estado e municípios para o uso do sistema auxiliou no planejamento e a definição de áreas e ações prioritárias para o controle e prevenção da doença.
A partir das Oficinas preparatórias para o enfrentamento da Febre Amarela e dos treinamentos, dos profissionais não só passaram a usar o SISS-Geo como multiplicaram o conhecimento treinando técnicos e Agentes Comunitários de Saúde (ACS), Agentes Comunitários de Endemias (ACE), além de comunitários.
Até dezembro de 2020, a 68 municípios do Paraná aderiram ao uso do SISS-Geo e 424 registros de PNH foram enviados.
Com a inclusão da do Sistema de Informação em Saúde Silvestre (SISS-Geo) na Plataforma de Soluções Tecnológicas para os ODSs (Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas), a Plataforma Institucional Biodiversidade e Saúde Silvestre (PIBSS) da Fiocruz recebeu o convite para participar do Prêmio Internacional de Guangzhou Inovações Urbanas que visa contemplar projetos de inovação na melhoria da sustentabilidade social, econômica e ambiental em cidades e regiões de todo o mundo.
A PIBSS-Fiocruz convidou o município de São José dos Pinhais – PR, um dos primeiros a usar o SISS-Geo espontaneamente para, em conjunto, concorrer ao prêmio tendo em vista a experiência bem sucedida de seus técnicos e gestores, sua capacidade demonstrativa e de replicação.
O projeto denominado "Tecnologia digital e participação social na vigilância e definição de áreas e ações prioritárias para o controle da febre amarela no Brasil - Multiplicando a experiência de sucesso do Município de São José dos Pinhais, do Paraná, para todo o Brasil", concorre com 273 iniciativas, 175 cidades ou governos locais e 60 países. O Comitê Técnico composto por especialistas com vasta experiência se reunirá em Guangzhou e selecionará inicialmente 45 iniciativas e na segunda etapa 15 cidades com mérito. Em 2021 haverá um seminário para promover o compartilhamento das lições aprendidas com as iniciativas selecionadas.
A seguir o depoimento de Haroldo Greca Junior - Médico-Veterinário da Secretaria de Vigilância de Zoonoses de São José dos Pinhais, sobre o uso da Plataforma SISS-Geo.